Cada linha lida nas narrativas deste livro é um trilho que vai sendo posto na estrada que nos liga, hoje, ao passado vivido pelos trabalhadores e alunos do Curso de Ferroviários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Suas palavras trazem não só as marcas do processo social implementado a partir da organizaçao racional do trabalho, como também revelam as contradições engendradas por essas mesmas idéias, quando encontravam a vida concreta diante de si. Impossível passar despercebido o relato sobre as caixas de ferramentas produzidas por cada aluno: contempladas hoje, revelam a obsolescência do mundo do qual falam os velhos em suas narrativas e nos lembram que é preciso, para além de um tempo do fazer, um tempo do cuidar e um tempo do contemplar, para que a rememoração, a imaginação e o ócio assumam seu papel, político sobretudo, de discordar dos processos hegemônicos, encontrando argumentos e utopias nas marcas deixadas pelos excessos produzidos e não consumidos no movimento do mundo e de suas incontáveis vidas.